Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Afinal ainda me encontro viva. Mais viva do que nunca, até. Irónico ou não, é em casa que festejo a minha liberdade. Hoje tenho liberdade para descansar. Liberdade para não fazer nada. Liberdade para vegetar. Liberdade, fechada em casa. Liberdade, talvez, para ir correr. Liberdade para não ir, se for essa a minha vontade. Liberdade para comer de hora a hora ou para não comer em hora nenhuma. Liberdade para pensar devagar. Então e se eu não quiser pensar? Tenho essa liberdade também. Liberdade para escrever este post desajeitado. Liberdade para ver um filme, dois ou três ou 10 minutos de uns quantos. Liberdade de não ser vista, a não ser pelos que eu própria quero que me vejam. Liberdade de não sair à rua de cravo na mão, no peito ou na orelha, porque aqui festejamos as datas à nossa maneira, ou seja, sem maneira nenhuma. Não é defeito, é feitio. E não é por isso que sou menos afecta aos valores que a revolução nos trouxe. Está a ser assim o meu 25 de Abril e está a saber-me bem. Neste momento, desconfio que só uma nova revolução me faria sair do Terceiro Frente...
Ela não me pediu com jeitinho nem sem jeitinho, mas lembrei-me de partilhar o seu blog, cujo nome é, nada mais nada menos, E se eu pedir com jeitinho? (tem andado a pedir pouco ou nada, mas acredito que isso esteja prestes a mudar).
Boa Sexta-feira, sapos e sapinhas.
Esqueci-me de referir isto. Então não é que na semana passada fiz duas apostas no euromilhões e ganhei um prémio(zito) em ambas? Não ganhei uma fortuna, mas ganhei. Fiquei radiante com 12 euros. Só me lembro de ter ganho algo no euromilhões há quase 10 anos, ainda eu era uma criança e, por essa razão, nem sequer fui eu a jogar, mandei a minha progenitora fazê-lo. Desta vez não, desta vez fui eu que joguei. E ganhei. E o que é que isto vos interessa? Rigorosamente nada. Mas uma vez que falei em marés de azar e marés de sorte, achei que faria sentido falar neste (insignificante) acontecimento.
Há fases em que tudo parece correr mal, em que nada acontece como desejamos, sendo que a culpa não é necessariamente nossa, mas sim de um conjunto de situações aleatórias que não dominamos - o vulgo destino, certo? Esses períodos de azar podem ser mais ou menos demorados, mas acontecem a toda a gente, sem excepção. Não é só coisa de pobre, garanto-vos. O importante, nessas fases de má sorte, é não desesperar, relativizar e viver em paz de espiríto, tanto quanto possível. Pensar que "o mundo não vai acabar" só porque, por exemplo, não tens trabalho. Falar, neste caso escrever, é fácil, eu sei. Mas, mandam as regras do destino que depois de uma fase de azar, venha logo a seguir uma onda de sorte. Sorte e não só. Tal como o azar não é só azar, a sorte também não vagueia por aí sozinha, no entanto dá muito mais trabalho que o azar. A sorte, como é costume dizer-se, não aparece, trabalha-se. À excepção do Euromilhões e de outros jogos semelhantes, mas até nisso temos de fazer algo: apostar. É simples, se não jogas, nunca terás a sorte de ganhar. Esta máxima é capaz de ser apropriada a variadíssimas ocasiões da vida. Tudo isto para dizer que, depois de um período menos bom, chegou agora a minha sorte, pela qual trabalhei nos últimos tempos. O desafio, qual é? Trabalhar e aprender (aprender trabalhando) e não desiludir quem apostou em mim. Vou fazer tudo para lhes dar razão na aposta que fizeram: é a sorte (o trabalho) de todos que está em causa.
Cada vez que oiço nas notícias "O homem que matou o filho de seis meses...", fico tremendamente enjoada. Já ouvi quinhentas vezes e foram quinhentos enjoos profundos. Mas o que é que passa na cabeça de alguém para matar um filho e fazê-lo deliberadamente? Um bebé? Um ser indefeso? Sangue do seu sangue? Epah, que monstro. Há gente de merda mesmo. Já sabemos que o homem é um ser naturalmente mau. Mas mau a este ponto? Costumamos matar-nos uns aos outros por inveja, por desavenças, por "amor", por dinheiro etc. Não é que estes sejam motivos legitimos para tirar a vida a alguém, mas são motivos. Não consigo, por mais que puxe pela cabeça, conceber algum motivo que fizesse um pai matar um filho. Transcende-me. Que nojo.
É do conhecimento geral dos que me lêem (não são muitos, mas ainda são alguns) que estou numa busca incessante por trabalho. De preferência na área em que me formei - jornalismo. Caramba, já penso na minha profissão desde os tempos de escola, desde o tempo em que escrevia para o jornal "O Estevinha", no meu 5º, 6º, 7º anos (?). Já lá vão muitos anos. Depois, além da licenciatura ainda levei com o jornalismo - ninguém me obrigou, que fique bem claro - durante mais dois anos de mestrado. Seguiu-se o estágio no PÚBLICO. A melhor experiência que poderia ter tido para dar início a todo um percurso profissional que aguardo, ansiosamente, que arranque a todo o instante. Já me passou pela cabeça fazer um desvio, procurando outras profissões/ocupações que me rendessem um salário. O dinheiro faz-me falta, a mim e a toda a gente, aos que o têm e aos que não têm rigoramente nada, sendo que me encontro no último grupo de sujeitos. Mas, quis o destino - e bem - que eu não mudasse de planos só porque o plano inicial está a demorar a desenrolar-se. Vamos ver o que vai acontecer nos próximos tempos. Parece-me que o futuro está aí a beter-me à porta, mais perto do que nunca. (Isto soa àquela publicidade da Caixa Geral de Depósitos, não soa? Mas não é.) Entretanto, pés bem colados à terra que as desilusões e as reviravoltas acontecem todos os dias. [respirar fundo]
Sexta-feira, dia 3. Estava a correr na cidade universitária quando a minha mãe me ligou. Era quase meio dia e estava muito calor. Eu queria apenas correr 5 km. Ia no terceiro km. A notícia: "a avó já morreu!". E o "já" reflecte o facto de estarmos totalmente à espera que acontecesse. Os médicos já não iriam fazer mais nada e tinham alertado para a proximidade do fim, do fim da vida da minha avó. Vida não é bem a palavra certa. Aquilo já não era vida. Os últimos dois anos oram muito maus, depois de ter sofrido vários AVC's que a mandaram para uma cadeira de rodas e lhe limitaram a fala. Agora, nos últimos tempos, não falava, não comia (apenas por uma sonda) e só abria os olhos de vez em quando. Estava constantemente a ser internada devido a infecções respiratórias, pneumonias e por aí diante. No último internamento, além das dificuldades respiratórias, os rins davam sinais de estar a falhar. Nada havia a fazer. A morte foi o caminho natural depois de tanto sofrimento.
Continuei a corrida. Tinha que fazer os 5km, a vida tinha que correr para a frente. E assim foi. Se fiquei triste? Naturalmente que sim, mas, não acreditando eu que haja mais alguma coisa depois da morte, resta-me (resta-nos) seguir logo em frente, aceitar que "morre-se e pronto". Uma vez que a eternidade é apenas um conjunto de letras, uma ideia literária, reliogosa e mítica, que não tem um significado real, tomara que todos os vivos morressem velhinhos, como a minha avó, ou melhor, como Manoel de Oliveira que viveu até morrer.
Fiz os 5km. No dia seguinte fiz outros 5, antes de seguir para a terra da minha avó (Alcobertas, Rio Maior). Corri ao meio dia e meia, estava um calor infernal, mas tinha de o fazer antes de ir lidar com toda a situação. O funeral foi no domingo, foi uma Páscoa diferente, mas a família juntou-se como dificilmente se junta. Vi primos e tios que já não via há uma carrada de anos. A minha avó não festava a Páscoa por ser testemunha de Jeová, mas conseguiu juntar-nos a todos nessa altura do ano. Irónico, não?
Voltei esta segunda. Ontem fui ao treino, corri melhor. A corrida é terapêutica, o melhor calmante que podemos tomar, a melhor conselheira que podemos ouvir. Porque somos nós mesmos a escutar-nos, de forma inteira, sem restrições de pensamentos.
Morre-se e pronto. A vida continua e nós continuamos com ela como melhor sabemos e do jeito que nos dá mais prazer vivê-la.
Já vamos no terceiro dia de Abril e ainda não tinha falado nele. Março foi um mês cheio. Cheio de quilómetros nas pernas. Na aplicação Nike Plus estão registados 127,29 km (ritmo médio 5'30), mas creio ter feito mais uns pózinhos que não registei. Fiz(émos) três treinos longos, pela primeira vez, e depois veio a meia maratona. É suposto treinar para chegar ao dia da prova e tudo correr pelo melhor ou, pelo menos, correr melhor do que nos treinos, mas no meu caso as coisas processaram-se ao contrário. Os treinos foram espectaculares, senti-me muito bem, capaz de correr longas distâncias sem grande sofrimento. Já no que toca à prova, o dia do tira teimas, foi o que foi... Porém, esse é um tema que está arrumado, não posso maltratar tanto o meu esforço e a minha conquista, foi a minha primeira meia maratona, caramba. Depois desse dia, quis São Pedro brindar-nos ora com muito frio, ora com muito calor e o resultado foi uma constipação (há quem diga que é depressão pós meia maratona e eu não digo que não) e, por isso, os treinos têm sido praticamente nulos. Mas a corrida do Benfica (vou inscrever-me agora mesmo) está quase aí e é bom que se comece a treinar, se não vou lá apenas passear-me. É já no dia 19. E eu espero que o ditado "Abril águas mil" seja mesmo verdade e que chova moderadamente no dia da corrida que é às 11h da manhã, se estiver um sol abrasador, não sei como raio vou correr. Não suporto/não consigo correr com calor, a sério! Corridas à parte, espero um Abril tranquilo e com paz de espírito, sabendo à patida que não vai ser um mês feliz.
Segunda-feira, 30 de Março, as notícias davam conta de um aumento do desemprego. Nada de novo. Nesse mesmo dia, pelas 9h00 reuníam-se no Centro de Emprego e Formação da Av. 5 de Outubro um grupo de jovens, eu incluída. Todos com uma carta na mão. Dava para perceber que vínhamos todos para o mesmo assunto.
Qual era o assunto: divulgação da abertura de concursos na Marinha, para as mais diversas áreas. Tínhamos todos, naturalmente, menos de 30 anos. Éramos todos licenciados. Mais, quase todos mestres. E todos com o mesmo problema: o desemprego, esse bicho malvado que não nos deixa andar. Éramos mais de duas mãos cheias de gente. Dessas duas mãos, apenas dois rapazes - um já tinha um estágio IEFP aprovado (portanto escusavam de o ter convocado) e o outro vai, mais dia menos dia, mandar-se lá para fora. Mas este é dos que vai voltar. Vai só uns meses. Outros há que querem ir-se embora de vez. Mas porquê? Com os 30 anos não tão distantes assim, ainda não conseguir ter autonomia e dependência financeira é algo que nos está a "impedir" de viver no nosso país. Eu resisto. Não sei por quanto tempo. Outros já atingiram o limite. É pena que tenha de ser assim.
E os estágios IEFP? Não consegues um? Perguntam vocês. Podemos todos conseguir mas não é uma coisa imediata e muito menos duradoura. É no mínimo procupante quando a única esperança da nossa geração são os estágios IEFP - uma medida cheia de trafulhices, que visa fazer-nos crer que o desemprego está a diminuir. Estaria a diminuir se, passado o tempo do estágio, o jovem (que já não é assim tão jovem para ter de andar nesta corda bamba) permanecesse na empresa e/ou se a empresa não tivesse despedido um funcionário para "contratar" um estagiário quase a custo zero. Ter filhos, casa e carro é, para a nossa geração, algo praticamente inatíngivel. Que tristeza.
Na sala estavam muitas arquitectas, uma farmacêutica que tinha sido despedida e substituída por um estagiário, uma jurista, uma mestre em Línguas e Cultruras (algo do género), um engenheiro informático e um bioquímico. Estranhei o facto de não estarem lá mais jornalistas. Era eu e mais uma rapariga mestre em Comunicação (que já tinha também o processo do estágio IEFP a andar).
Quanto ao concurso na Marinha, acho muita piada terem-nos convocado para nos informar do concurso que saiu em Diário da República no dia 17 e que nos dá apenas 10 dias úteis para enviarmos a candidatura, juntamente com um registo criminal e um raio x ao tórax. Ora, esses 10 dias úteis terminavam na própria segunda-feira.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.