Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Sem colete salva-vidas mas muito contente

por Melissa Lopes, em 18.01.16

Desde Agosto que não me atrevia a vir aqui. Passaram-se praticamente cinco meses. Eu sei, sou o expoente máximo da incompetência nisto de gerir, ou simplesmente ter, um blog". Mas enfim.

Nestes últimos meses (praticamente meio ano?, caramba), tive o meu primeiro emprego e recebi o meu primeiro salário. O que poderia ter sido uma história bem sucedida num jornal nacional, afinal estava condenado a deixar de o ser logo nos primeiros dias do último mês de 2015. Vi, numa segunda-feira muito longa de Dezembro, a empresa ruir e administrador(es) mandar(em) cerca de 120 pessoas para o desemprego. Um a um, como se de um casting para os Ídolos se tratasse e como se fôssemos todos umas canas rachadas, causadores de gravíssimas otites ao júri.

E o dia já nem era dia quando muitos ficaram a saber que estavam fora dos planos da empresa que iria substituir a que acabara de falir. O meu caso, contudo, não entra nessas contas por estar ao abrigo de um estágio profissional IEFP. Um estágio pelo qual esperei bastante tempo para que entrasse em vigor. O mesmo é dizer que trabalhei durante quatro meses (podiam ter sido muitos mais, eu sei) pro bono para ver, enfim, o contrato chegar e começar a receber um ordenado. Sabia que o esforço iria compensar. E compensou. Visto a esta distância, continuo a achar que compensou imenso, sobretudo a estrutura manhosa daquela empresa. 

Sinto-me bem por não ter lá ficado. Ainda que me tivessem prometido um novo contrato IEFP. Claro, isso significava, como significa em qualquer empresa do país, com mais meses de espera para ver tudo aprovado. "Ah, é melhor que nada", "Não tens nada a perder. Fica!" ou "o desemprego dura ainda mais tempo do que esse tempo de espera", aconselharam-me alguns amigos. 

Não quis. Preferi abandonar o bote (não é aquele navio de que para aí falam) sem qualquer colete salva-vidas. E estou muito contente por isso. Por não ter tido medo de ter de voltar a procurar emprego, voltar a enviar CV's (quase) todos os dias e a pensar, agora com mais conhecimento de causa, que o jornalismo talvez seja apenas uma miragem. E, se assim for, da minha parte não haverá qualquer drama ou ressentimento. A ansiedade e o stress associados ao jornalismo não são bem a minha cena. Disso tenho a certeza absoluta. 

 

 

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 21:58

O desemprego, esse bicho malvado

por Melissa Lopes, em 01.04.15

Segunda-feira, 30 de Março, as notícias davam conta de um aumento do desemprego. Nada de novo. Nesse mesmo dia, pelas 9h00 reuníam-se no Centro de Emprego e Formação da Av. 5 de Outubro um grupo de jovens, eu incluída. Todos com uma carta na mão. Dava para perceber que vínhamos todos para o mesmo assunto.

Qual era o assunto: divulgação da abertura de concursos na Marinha, para as mais diversas áreas. Tínhamos todos, naturalmente, menos de 30 anos. Éramos todos licenciados. Mais, quase todos mestres. E todos com o mesmo problema: o desemprego, esse bicho malvado que não nos deixa andar. Éramos mais de duas mãos cheias de gente. Dessas duas mãos, apenas dois rapazes - um já tinha um estágio IEFP aprovado (portanto escusavam de o ter convocado) e o outro vai, mais dia menos dia, mandar-se lá para fora. Mas este é dos que vai voltar. Vai só uns meses. Outros há que querem ir-se embora de vez.  Mas porquê? Com os 30 anos não tão distantes assim, ainda não conseguir ter autonomia e dependência financeira é algo que nos está a "impedir" de viver no nosso país. Eu resisto. Não sei por quanto tempo. Outros já atingiram o limite. É pena que tenha de ser assim. 

E os estágios IEFP? Não consegues um? Perguntam vocês. Podemos todos conseguir mas não é  uma coisa imediata e muito menos duradoura. É no mínimo procupante quando a única esperança da nossa geração são os estágios IEFP - uma medida cheia de trafulhices, que visa fazer-nos crer que o desemprego está a diminuir. Estaria a diminuir se, passado o tempo do estágio, o jovem (que já não é assim tão jovem para ter de andar nesta corda bamba) permanecesse na empresa e/ou se a empresa não tivesse despedido um funcionário para "contratar" um estagiário quase a custo zero. Ter filhos, casa e carro é, para a nossa geração, algo praticamente inatíngivel. Que tristeza. 

Na sala estavam muitas arquitectas, uma farmacêutica que tinha sido despedida e substituída por um estagiário, uma jurista, uma mestre em Línguas e Cultruras (algo do género), um engenheiro informático e um bioquímico. Estranhei o facto de não estarem lá mais jornalistas. Era eu e mais uma rapariga mestre em Comunicação (que já tinha também o processo do estágio IEFP a andar).

Quanto ao concurso na Marinha, acho muita piada terem-nos convocado para nos informar do concurso que saiu em Diário da República no dia 17 e que nos dá apenas 10 dias úteis para enviarmos a candidatura, juntamente com um registo criminal e um raio x ao tórax. Ora, esses 10 dias úteis terminavam na própria segunda-feira. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 10:18


Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Março 2017

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.