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Segunda-feira, 30 de Março, as notícias davam conta de um aumento do desemprego. Nada de novo. Nesse mesmo dia, pelas 9h00 reuníam-se no Centro de Emprego e Formação da Av. 5 de Outubro um grupo de jovens, eu incluída. Todos com uma carta na mão. Dava para perceber que vínhamos todos para o mesmo assunto.
Qual era o assunto: divulgação da abertura de concursos na Marinha, para as mais diversas áreas. Tínhamos todos, naturalmente, menos de 30 anos. Éramos todos licenciados. Mais, quase todos mestres. E todos com o mesmo problema: o desemprego, esse bicho malvado que não nos deixa andar. Éramos mais de duas mãos cheias de gente. Dessas duas mãos, apenas dois rapazes - um já tinha um estágio IEFP aprovado (portanto escusavam de o ter convocado) e o outro vai, mais dia menos dia, mandar-se lá para fora. Mas este é dos que vai voltar. Vai só uns meses. Outros há que querem ir-se embora de vez. Mas porquê? Com os 30 anos não tão distantes assim, ainda não conseguir ter autonomia e dependência financeira é algo que nos está a "impedir" de viver no nosso país. Eu resisto. Não sei por quanto tempo. Outros já atingiram o limite. É pena que tenha de ser assim.
E os estágios IEFP? Não consegues um? Perguntam vocês. Podemos todos conseguir mas não é uma coisa imediata e muito menos duradoura. É no mínimo procupante quando a única esperança da nossa geração são os estágios IEFP - uma medida cheia de trafulhices, que visa fazer-nos crer que o desemprego está a diminuir. Estaria a diminuir se, passado o tempo do estágio, o jovem (que já não é assim tão jovem para ter de andar nesta corda bamba) permanecesse na empresa e/ou se a empresa não tivesse despedido um funcionário para "contratar" um estagiário quase a custo zero. Ter filhos, casa e carro é, para a nossa geração, algo praticamente inatíngivel. Que tristeza.
Na sala estavam muitas arquitectas, uma farmacêutica que tinha sido despedida e substituída por um estagiário, uma jurista, uma mestre em Línguas e Cultruras (algo do género), um engenheiro informático e um bioquímico. Estranhei o facto de não estarem lá mais jornalistas. Era eu e mais uma rapariga mestre em Comunicação (que já tinha também o processo do estágio IEFP a andar).
Quanto ao concurso na Marinha, acho muita piada terem-nos convocado para nos informar do concurso que saiu em Diário da República no dia 17 e que nos dá apenas 10 dias úteis para enviarmos a candidatura, juntamente com um registo criminal e um raio x ao tórax. Ora, esses 10 dias úteis terminavam na própria segunda-feira.
O advogado do Sr. Eng. José Sócrates, uma figura curiosa de todo este caso, apareceu nos media como sendo um tipo "desconcertante", como ouvi muitas vezes os jornalistas dizerem. Um sujeito cómico, que animava os jornalistas com as suas respostas espontâneas. Mas, chamar-lhes "cãozoada" e mandar uma jornalista em concreto ir tomar banho porque esta "cheira mal", epah, passou claramente os limites do engraçado e chegou, de forma alucinante, ao terreno da estupidez. Mas teve graça (lata) a seguir ao pedir um cigarro ou lume aos próprios jornalistas.
O "actual" não paga as dívidas à segurança social e diz que não sabia que era obrigatório pagá-las. Sobre o tema, o "ex" que, por acaso está preso, diz que o actual está "perto da miséria moral" - não sabemos se o "ex" é culpado ou não dos crimes que lhe ofereceram uma estadia por tempo indeterminado em Évora, mas estar na cadeia por si só é uma situação bem miserável, ou não? E o que diz o "futuro" sobre o caso das dívidas do "actual"? Nada! Aliás, o futuro ficou deveras incomodado quando "inopinadamente" uma jornalista surgiu e, vejam só o atrevimento, lhe fez perguntas. Dizia o "futuro" que a jornalista, se quer falar com ele, tem de marca uma entrevista primeiro e que estas coisas não se fazem assim. Até parece que a jornalista lhe estava a pedir uma grande coisa, uma reflexão filosófica de grande exigência mental sobre a existência de Deus. O "ex" que é "ex", e que está preso, pronunciou-se sobre o caso. Porque raio o "futuro", que está livre que nem um passarinho, teve aquela atitude rude? Ok, o "futuro" não quer ser espontâneo desde a história dos chineses (com medo que dê asneira), mas não está a ser demasiado "vedeta" para quem quer ocupar o cargo de primeiro-ministro? O problema, se calhar, é que o "futuro" não tem dúvida nenhuma que daqui a uns meses será ele o "actual" e, por isso, já está a vestir a camisola. Está em estágio. É o típico caso daquelas pessoas que "antes de ser, já são". Mas que bandalheira!
Aqui há uns anos atrás, três ou quatro, enquanto estudante universitária, concorri à bolsa de estudo. A burocracia para efectuar tal acto é tanta que uma pessoa chega a cansar-se a meio do processo. Papel x, documento y, comprovativo disto e daquilo. Depois de reunir uma capa de documentos e de ter submetido a candidatura, o resultado foi indeferido. A razão? Uma dívida que a minha mãe tinha à Segurança Social (uma humilde dívida, nada comparado com a de Passos Coelho). Tratava-se de uma dívida que tinha mais de 10 anos. Não prescreveu. Ora essa, claro que não. Mais, a dívida era resultado de uns subsídios de desemprego que a SS atribuiu à minha mãe, numa situação de transição entre a situação de desemprego e emprego. Foram dois subsídios (no total 600, 700 euros?) que a minha mãe recebeu e que não deveria ter recebido. Claro que a dívida foi paga entretanto (se não, o processo da bolsa não andava), claro que a minha mãe já se tinha esquecido dela passados tantos anos, claro que, mesmo depois de tanto tempo, a SS não se esqueceu, apesar de nunca ter notificado o devedor, claro que não prescreveu e é também muito claro que a minha mãe sabe que é obrigatório pagar dívidas à Segurança Social. Aliás, não convive bem com o facto de estar a dever, seja lá a que entidade for. Passos Coelho como tem "free pass" em todo o lado, não teve que se preocupar com as suas dívidas porque nunca constituíram um entrave para nada. Não sei bem se a culpa é de quem se esqueceu, ou se é de quem não o quis lembrar (se é que assim foi). Será de ambas as partes, certamente. Somos todos cidadãos, mas uns são mais comuns que outros. Depois venham-nos falar na (in)sustentabilidade da Segurança Social...
Ontem e hoje fui ao supermercado (vou todos os dias, há sempre alguma coisa que me faz falta) e reparei que praticamente toda a gente leva o seu saquinho reutilizável. Eu já o fazia, mas admito que nem sempre, até porque os sacos me davam jeito para os momentos de limpeza do wc do gato, coisa que tem que ser feita todos os dias. Agora nunca mais me irei esquecer. E os supermercados estão em sintonia com a medida. O Continente, por exemplo, está a oferecer sacos reutilizáveis, bem bonitoss, cheios de cor. Não há desculpa. Penso que estamos no bom caminho para nos habituarmos a esta (excelente) prática que, aliás, é tão natural como respirar noutros países. Mas também nós lá chegaremos, seja pela consciencialização ambiental, seja única e exclusivamente para poupar uns trocos, o que importa é incutir bons hábitos na sociedade. Gosto muito disso.
É Carnaval e eu nem me lembro de tal coisa, a não ser quando vejo no telejornal reportagens dos desfiles de norte a sul, sendo uns mais aberrantes que outros, uns mais tradicionais, onde as matrafonas são o ex-libiris da festa, e outros são apenas uma fraca representação do Carnaval brasileiro (deve ser muita bom andar na rua sem roupa, no Inverno. Uma alegria. Este ano, contudo, parece que não há chuva. Menos mal para as meninas "sambadeiras").
O Carnaval, aliás como também o Halloween e etc, são datas que me passam completamente ao lado. Não me disfarço, não vou a festas, enfim, não vivo a coisa de maneira nenhuma. Ah e tal, não tens espírito de diversão, és tão amarga e azeda, tão pouco festarola para a tua idade, podem facilmente os outros deduzir. Mas não, muito antes pelo contrário, sou até bastante divertida e afável e, precisamente por isso, não sinto qualquer necessidade de mudar de cara neste dia (tenho a cara que Deus me deu e pronto), não preciso de me pintar, de me armar em divertida só porque é Entrudo. Quase que apostaria que os mais foliões, os mais apaixonados pelo Carnaval, são os mais cizudos ao longo de todo o ano. Não preciso fazer palhaçadas para demonstrar que sou/estou feliz, muito menos num dia específico do ano. Era o que faltava. Ainda bem que o namorado está a 100% comigo nisto.
P.s No entanto, lá por eu não gostar não quer dizer que os outros não tenham legitiidade para gostar. Espero obviamente que se divirtam e que aproveitem o feriado (ou não feriado) da melhor forma!
Desde que entramos em 2015 que penso num dos objectivos alistados para concretizar neste ano - a Meia Maratona de Lisboa. Ainda por cima, trata-se da 25ª edição, a mesma idade que eu, portanto. Não posso deixar escapar esta oportunidade de me estrear numa meia. É o ano ideal para isso. Contudo, já me ocorreu variadísssimas vezes que provavelmente não vou estar preparada, afinal de contas ainda só participei em três provas de 10km, e lá abandono a ideia de me inscrever (por falar em inscrição, 25 euros é caro para caraças, não acham?).
Acontece que ontem experimentei um treino longo do Correr Lisboa (15km) e a coisa correu-me bem. Bastante bem, até. Claro que me cansei, mas estive longe de morrer. Fiz os 15km em 1h19, o que não é excelente, mas também não é nada mau. Ora, quem faz 15 km, faz 21km, fiquei eu a pensar. E agora estou com uma enorme vontade de largar 25 euros (not) para participar na meia maratona (yesss), mesmo tendo uma prova de 7km no dia anterior. Vamos meiamaratonar, pessoal?
Provavelmente já repararam na descrição deste blogue, na qual me apresento como "jornalista" (se não repararam, também não há problema). O entre aspas tem toda uma razão de ser. Não que não me considere digna da palavra na sua plenitude e não que pense que a deva utilizar com muita cautela e só depois de 50 anos de profissão - como muitos jornalistas com experiência acumulada julgam. Mas, porque na realidade sou uma jornalista sem posto de trabalho e, há falta de melhores palavras que descrevam a minha situação laboral (desempregada por si só não é muito elucidativo), arranjei-lhe umas aspas jeitosas, para não andar aqui a enganar ninguém. Jornalista com aspas dá logo para ver que estou desempregada. Sou jornalista em stand-by, é verdade, mas estou louca para despir estas aspas e desprender-me desta condição que, não sendo desesperante, anda lá muito perto.
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